Sunday, December 03, 2006

...

o que os olhos não veêm, o coração não sente...

Saturday, December 02, 2006

TU

Tenho mil pensamentos…

Um turbilhão de sentimentos que se revoltam se atropelam dentro de mim.

Tenho ideias que se completam, se confundem, que queria expressar como merecem, dar-lhes o valor que têm em mim, que gostaria de partilhar com o mundo…

Nem sei por onde começar…

Há momentos em que me atravessam sensações estranhas… quando a presença de alguém me é tão evidente e sinto a sua energia. No seu sorriso, naquele olhar, num abraço…

Sei que não é imaginação, que existe uma força maior, maior que eu, maior que tudo, naquele espaço e que eu a sinto e me agrada, e me chama…

Gosto quando sinto que é bom estar viva, estar ali naquele preciso instante e partilhar um minúsculo mundo, com aquela porção de energia…

Gosto de abraços… e de beijinhos, de ser mimada, de dar mimos… Adoro aquele olhar terno em forma de despedida…

Hum… há pessoas de quem gosto muito… há pessoas que conhecemos num elevador e que achamos ridículo, e que se tornam pessoas muito importantes… que a sua energia se transforma na mais energética e especial de todas, e quando somos atingidos por esse pedaço de força tudo o resto deixa de “existir”, de ser importante… quando recebemos essa explosiva energia tudo se converte em nada, e nós, e eu, deixamos de estar humanamente presentes.

Uma energia tão grande, tão forte, tão estranhamente presente… que tem o seu próprio cheiro, um doce e familiar querer, uma tão sentida presença… que mesmo longe nos arrebata do chão e nos eleva, numa sentida e intensa dor… Uma dor que nos deixa tão vazios, insignificantes na sua presença… um existir meio bizarro, meio apagado, de nó apertado na garganta, de um peso imenso sobre o peito, de cabeça avariada, perdida no meio de tudo e de nada.

Sem energia que me eleve… só a lembrança de um longínquo existir.

Sunday, November 26, 2006

Hoje é domingo!

Hoje é domingo, gosto dos domingos, têm uma força meia estranha… Gosto particularmente dos domingos repletos de chuva. Hoje ainda não choveu, só durante a noite… é bom acordar, manter aquele estranho meio despertar, ouvir a chuva, continuar no meu sonho acordado e voltar a adormecer…

De todos os dias da semana, este é o mais poderoso, quando as sensações se misturam e mudam ao longo do dia…

Desperto para uma certeza, é domingo…. Sorrio por entre os lençóis, na minha calma respiração e penso: um dia inteirinho pela frente, sem obrigações conhecidas, sem desespero, sem stresses acrescidos… lá a meio do dia cruza-se o pensamento que amanhã é segunda… o meu coração palpita em angústia, um fim-de-semana perdido. Entretanto chove, e é como se a minha alma revitalizasse… ainda falta tanto tempo para o novo dia!

Domingo é dia de se fazer chá, de me deixar ficar pelo sofá e ser atingida com mil e um filmes, maus, arrastar-me pelas escadas, ler umas quantas matérias, desesperar porque são seis da tarde e ainda não aproveitei em nada este dia que me foi dado, com mil segundos e infinitas oportunidades… deixo-me cair na cama, vou só descansar os olhos… falar com a minha mente, navegar nos meus sonhos… ouvir uma música só minha, cantarolar num ritmo desconhecido, tão meu…

E como é domingo, o jantar confunde-se com o lanche, a ceia com o desespero e adormeço a pensar que amanhã já não vou acordar com um sorriso meio pateta no rosto, na alma, em mim, amanhã vou acordar atrasada, vestir-me atrasada, tomar o pequeno-almoço atrasada, olhar os minutos passar, correr para o carro, correr para a estação, correr para a faculdade… esperar que seja terça, quarta, quinta, sexta… esperar que o sábado passe, porque ainda me resta o domingo… e repetir uma, duas, vezes sem conta, por entre as semanas, os meses, os anos da minha vida…

Hoje é domingo, ainda não é meio-dia… ainda falta tanto para o amanhã…

Monday, November 20, 2006

uma gotinha no meio do infinito...

Não escrevo faz tempo… não interessa, não tem mal… Gosto quando as palavras saem por entre os dedos a um ritmo descompassado, fluido e o som do teclado se torna mais e mais acelerado e quando dou por mim revelei sentimentos, pequenos pormenores íntimos, partilhei momentos que pensava indescritíveis e ali fico, a contemplar o que escrevi em forma de uma imagem do que na realidade não se consegue ver. Hoje quando acordei, desejei não o ter feito… queria ter continuado naquele sono meio profundo, meio atribulado, meio despegado deste mundo e de certa forma desta vida. Acordei… levantei-me, vesti-me… e só tinha em pensamento o quanto queria ter permanecido a dormir… a muito custo tentava segurar o que me era tão familiar, tão comum, tão conhecido… tão meu… serrava os dentes, controlava ao máximo esta força que me impelia, ordenava… a chorar… Fui dentro de mim, viajei pela minha alma, falei com os meus pensamentos… ressuscitei com forças desconhecidas. Hoje não chorei… Faz-se tarde… vou dormir.

Wednesday, November 01, 2006

Emoções fortes

A viagem não se ficou pelas horas intermináveis de aeroportos, pela excessiva humidade, nem calor abrasador… mas a preguiça é inimiga da vontade… e confesso que nos toma de surpresa e vai ficando, persistindo e acaba por nos tomar conta de todos os momentos do dia.

Em Macau, 28º e 80% humidade… e tanto por viver… tanto estava ainda por desvendar, conversas por ter, olhares por trocar, tolices por dizer, gritos por se fazerem ouvir…

Quinze dias… GrandView Hotel, quarto 1424, Marisa Anselmo e Fernanda Borba:) Cátia, ao fin do corredor, Dr. Rafa e Sr. Fisio Gáspar um piso a baixo.

Depois de mil e um suspiros, de reclamar, de tanto refilar, de em vão ir passeando pelos canais da televisão macaense, num zapping a um ritmo desmarcadíssimo, descobri uma estaçãozinha que nem parecia tão má e que se lembrava muito esporadicamente de uma ou outra música ocidental… e fui dar por mim, uns quantos dias depois a cantarolar uma música pimba chinesa!!! Só desgraças.

Quinze dias em Macau e a insanidade mental reforça a sua presença a uma intensidade assustadora. Músicas chinesas, elevadores, autocarros, carros, comida, bugigangas, supermercados, chocolates, barcos, pontes, auto-estradas, chineses… tudo CHINÊS!

Uma inspiração profunda! Que se podia esperar… estou mesmo na China.

Perdida por este país, como tantos outros loucos, na expectativa, na mais pura surpresa do que encontrar num outro lado do mundo quase esquecido.

As competições, o entusiasmo, a força, as bancadas, vazias, mas ao rubro…;) os pequenos gritos…

O primeiro dia de competições foi sereno… tranquilamente os portugueses, como insistiam os jornalistas, numa luta titânica com o Brasil…

O mais importante, pelo menos para mim, era a segunda jornada, quinta-feira 12 Outubro. E enquanto passeávamos até à pista de aquecimento, deu-me uma vontade incontrolável de libertar todas as minhas energias… depois de uma semana atribulada, entre viagens e treinos, com os níveis de cafeína ligeiramente elevados, e poucas, boas horas de sono, em pleno dia e numa rua macaense… Gritei… gritava com a alma, foram pouco mais de 8 segundos, um grito que veio de dentro, um grito que furou o silêncio e se fez ouvir… e nesse momento pensei, senti, estava prontíssima para competir.

E assim fiquei, meio fungosa, muito babada descobrindo que a diversão pode estar associada ao içar da nossa bandeirinha, ao som da Portuguesa, numa viagem louca por Macau. E tudo porque um dia descobri que mesmo sem asas e com os pés a pouco mais de 1.80m do chão também se VOA!

E tenho-vos a dizer… como é bom voar, mesmo sendo baixinho, por pouquinho tempo, e tendo a perfeita noção que a levitação e o voo, per si, nos são humanamente impossíveis!

A mente vai passeando, voa, não existindo limites, nem mesmo o céu, e os instantes de insanidade e consciência, se já escasseavam, agora deixam que a alma nos abandone o corpo e enquanto ele tristemente se eleva a escassos centímetros, eu VOO, plano, sonho, encanto, sou um nada de magia, pura e ilimitadamente livre… simplesmente feliz. Como é bom voar.

Na china, em Portugal, sozinha, fechada no quarto, no meio do oceano, numa lagoa, no chuveiro… caminhando à deriva, aprisionada em mim, larguei tudo, abri asas, e tentei voar… e deu mais ou menos nisto…">

Wednesday, October 18, 2006

em macau...

Do outro lado deste pequeno mundinho... separada do pequenito Portugal... por mares, rios, caminhos, terras, novas gentes... a 10mil quilómetros... e por entre uma enormidade de culturas, por uma diversidade que nem sonhava existir...

36 Horas de completo e intenso desespero, 2160 minutos, à espera, a atrasar… tempo em que imaginava, sonhava acordada no balanço do avião, viajava por entre o silêncio dos nossos pensamentos.

Vínhamos todos juntos, vínhamos todos para o mesmo. Chegámos depois de 129 600 segundos, para descobrir uma grande e maravilhosa aventura, um pequeno, novo, “antigo mundo”.

Fecho… reabro uma e outra vez os olhos, na esperança do tempo passar um poucachinho mais depressa, mas a velocidade mantém-se em qualquer ponto do planeta… sejam sete horas a mais, sete minutos a menos… tempo é tempo… ganha-se, às vezes também se perde… a viagem continuava, no seu desacelerado e monótono ritmo.

Depois dum primeiro impacto ensonado… Deixo a minha alma ser envolvida pela magia de inúmeros locais encantados, enfeitiçados, embriagados em doçura, repletos de aventuras misteriosamente calculadas… tínhamos finalmente chegado. Era uma outra “Terra Prometida”…

Casinos, arranha-céus, musas, por toda a parte uma diferente cultura, aliciante, ainda por desvendar.

Olhares atentos, alguns gestos perdidos…

Páro por instantes, contemplo o nada, olho de frente o sol… fascinada por tanta ostentação, tanto luxo, boquiaberta face à sua simplicidade, e até à pobreza que ali se sentia…

Envolvo-me nas paisagens, observo pessoas, encontro olhares, sorrio… adormeço e sonho num regresso que me parece tão distante… a presença portuguesa está com todos nós e ainda se evidencia em algumas ruelas… esquinas, cantinhos, num pequeno e agradável café – Café Lisboa.

Estão 28ºC e 80% de humidade…

Estou em Macau.

Tuesday, September 26, 2006

a correr atrás do tempo...

Não há nada de muito filosófico a escrever… já está tudo escrito… e mesmo que não esteja… a paciência esgota-se… para quê andar a consumir preciosos momentos numa tentativa fracassada de relatar instantes que derivam pelo nosso pensamento…

Hoje acordei, atrasadíssima, como sempre, não tinha nada de especial para fazer, na verdade não tinha nada para fazer, mas isso não me impedia em nada de acordar atrasada.

Estava atrasada para começar a viver.

Saí da cama a muito custo, a preguiça é péssima, pus o roupão… desci as escadas, a lamentar-me num tom de fúria… tinha-me completamente escapado o facto de já não haver café há dois dias… sem café e atrasada… numa manhã perdida, numa vida ensonada, a falta de café é a completa desgraça… Bebi chá. Afundei-me no sofá, a televisão portuguesa não dá nada de jeito e tinha acordado tarde de mais para ver a Floribella…

Sem café, atrasadíssima… e sem novela… a minha vida estava um caos!

Não sei como sobrevivi ao restante dia… enfiei-me no chuveiro… a dormir debaixo de água… com o belíssimo sol a brilhar a uma janela de distância. Era hora de almoço, com sono, sem café, sem novela… tinha que cozinhar!

As horas seguintes foram ocupadas por um esforço desumano, que incrivelmente nos deixa uma sensação de liberdade estranhamente acolhedora… completamente esgotada… regresso a casa.

Novo banho, novo lamento… horas desperdiçadas de uma vida em que acordei muito atrasada.

Fecho os olhos… imagino viagens, lugares, café, despertadores… aventuras… estou a morrer de sono… inclino a cabeça… contemplo o infinito… estou feliz, mesmo adiando um dia da minha vida. Um dia em que falhei inúmeros momentos… desperdicei segundos… enfim, acordei atrasada para compromissos que não tinha…

Tuesday, September 19, 2006

à deriva...

Deixo as palavras fluir… saem-me do pensamento, do coração, da alma. Que interessa? São só palavras… ocupam o vazio que paira sobre nós… que nos atormenta, nos completa… nos endoidece…

Entro na carruagem…escolho um lugar virado para o mar… que ande de frente para a vida… encontro-o por entre outros imensos lugares exactamente iguais… o comboio vai quase vazio… as pessoas lá fora vivem, sobrevivem, arrastam-se a uma velocidade desgastante… voltam as costas aos sonhos, negam os desejos, controlam as verdadeiras emoções… mentem.

E ali estou… tão igual e tão diferente… vejo e revejo o reflexo dos meus sonhos, das minhas ambições… entre mil raios de sol… pairando nas calmas e suaves águas do oceano… vão… voltam… uma, outra, vezes sem conta… e ficam sempre os sonhos… os desejos… o que ficou propositadamente esquecido… o que escolhi ignorar… e ali esperam por mim. Que lhes preste atenção… que encontre a coragem de os agarrar… e de os concretizar.

Ficam os sonhos. Levo comigo a mágoa… tenho o corpo repleto de angústia… que se passa? Sinto que não estou a viver…

respiro porque não consigo parar… olho mas não vejo, esqueci-me de observar… falo e não percebo o que digo… vivo porque ainda não morri… deixei sonhos, vontades, desejos, ambições, frases… tudo… momentos que não vivi…

Deixo-me ir na marcha lenta do comboio… limito o meu olhar na direcção do horizonte… devaneios, desesperos… tudo parou. Levanto-me, porque não posso continuar ali parada, em andamento inconstante… cheguei ao meu destino… fecho os olhos... prefiro não ver... última estação... de regresso ao meu refúgio.

Sunday, September 17, 2006

e assim começa...

uma enormidade de aventuras nos passam diante dos olhos, da alma, vão até aos lugares mais reservados do nosso pensamento... tentam atravessar-se no nosso caminho aparecendo a uma velocidade e intensidade aterrorizadoras...

infelizmente, se não colidirem com a nossa ténue presença... não deixam de ser unicamente possibilidades de aventuras... continuam eternamente rotuladas de oportunidades perdidas... Sentimentos a partilhar, momentos, em desespero, por começar... vidas por viver...

Espero poder partilhar a minha simples mortalidade e todos os meus instantes perdidos por entre hesitações e dúvidas... com este pequeno e estranho mundo...