Tuesday, September 26, 2006

a correr atrás do tempo...

Não há nada de muito filosófico a escrever… já está tudo escrito… e mesmo que não esteja… a paciência esgota-se… para quê andar a consumir preciosos momentos numa tentativa fracassada de relatar instantes que derivam pelo nosso pensamento…

Hoje acordei, atrasadíssima, como sempre, não tinha nada de especial para fazer, na verdade não tinha nada para fazer, mas isso não me impedia em nada de acordar atrasada.

Estava atrasada para começar a viver.

Saí da cama a muito custo, a preguiça é péssima, pus o roupão… desci as escadas, a lamentar-me num tom de fúria… tinha-me completamente escapado o facto de já não haver café há dois dias… sem café e atrasada… numa manhã perdida, numa vida ensonada, a falta de café é a completa desgraça… Bebi chá. Afundei-me no sofá, a televisão portuguesa não dá nada de jeito e tinha acordado tarde de mais para ver a Floribella…

Sem café, atrasadíssima… e sem novela… a minha vida estava um caos!

Não sei como sobrevivi ao restante dia… enfiei-me no chuveiro… a dormir debaixo de água… com o belíssimo sol a brilhar a uma janela de distância. Era hora de almoço, com sono, sem café, sem novela… tinha que cozinhar!

As horas seguintes foram ocupadas por um esforço desumano, que incrivelmente nos deixa uma sensação de liberdade estranhamente acolhedora… completamente esgotada… regresso a casa.

Novo banho, novo lamento… horas desperdiçadas de uma vida em que acordei muito atrasada.

Fecho os olhos… imagino viagens, lugares, café, despertadores… aventuras… estou a morrer de sono… inclino a cabeça… contemplo o infinito… estou feliz, mesmo adiando um dia da minha vida. Um dia em que falhei inúmeros momentos… desperdicei segundos… enfim, acordei atrasada para compromissos que não tinha…

Tuesday, September 19, 2006

à deriva...

Deixo as palavras fluir… saem-me do pensamento, do coração, da alma. Que interessa? São só palavras… ocupam o vazio que paira sobre nós… que nos atormenta, nos completa… nos endoidece…

Entro na carruagem…escolho um lugar virado para o mar… que ande de frente para a vida… encontro-o por entre outros imensos lugares exactamente iguais… o comboio vai quase vazio… as pessoas lá fora vivem, sobrevivem, arrastam-se a uma velocidade desgastante… voltam as costas aos sonhos, negam os desejos, controlam as verdadeiras emoções… mentem.

E ali estou… tão igual e tão diferente… vejo e revejo o reflexo dos meus sonhos, das minhas ambições… entre mil raios de sol… pairando nas calmas e suaves águas do oceano… vão… voltam… uma, outra, vezes sem conta… e ficam sempre os sonhos… os desejos… o que ficou propositadamente esquecido… o que escolhi ignorar… e ali esperam por mim. Que lhes preste atenção… que encontre a coragem de os agarrar… e de os concretizar.

Ficam os sonhos. Levo comigo a mágoa… tenho o corpo repleto de angústia… que se passa? Sinto que não estou a viver…

respiro porque não consigo parar… olho mas não vejo, esqueci-me de observar… falo e não percebo o que digo… vivo porque ainda não morri… deixei sonhos, vontades, desejos, ambições, frases… tudo… momentos que não vivi…

Deixo-me ir na marcha lenta do comboio… limito o meu olhar na direcção do horizonte… devaneios, desesperos… tudo parou. Levanto-me, porque não posso continuar ali parada, em andamento inconstante… cheguei ao meu destino… fecho os olhos... prefiro não ver... última estação... de regresso ao meu refúgio.

Sunday, September 17, 2006

e assim começa...

uma enormidade de aventuras nos passam diante dos olhos, da alma, vão até aos lugares mais reservados do nosso pensamento... tentam atravessar-se no nosso caminho aparecendo a uma velocidade e intensidade aterrorizadoras...

infelizmente, se não colidirem com a nossa ténue presença... não deixam de ser unicamente possibilidades de aventuras... continuam eternamente rotuladas de oportunidades perdidas... Sentimentos a partilhar, momentos, em desespero, por começar... vidas por viver...

Espero poder partilhar a minha simples mortalidade e todos os meus instantes perdidos por entre hesitações e dúvidas... com este pequeno e estranho mundo...