Sunday, November 26, 2006

Hoje é domingo!

Hoje é domingo, gosto dos domingos, têm uma força meia estranha… Gosto particularmente dos domingos repletos de chuva. Hoje ainda não choveu, só durante a noite… é bom acordar, manter aquele estranho meio despertar, ouvir a chuva, continuar no meu sonho acordado e voltar a adormecer…

De todos os dias da semana, este é o mais poderoso, quando as sensações se misturam e mudam ao longo do dia…

Desperto para uma certeza, é domingo…. Sorrio por entre os lençóis, na minha calma respiração e penso: um dia inteirinho pela frente, sem obrigações conhecidas, sem desespero, sem stresses acrescidos… lá a meio do dia cruza-se o pensamento que amanhã é segunda… o meu coração palpita em angústia, um fim-de-semana perdido. Entretanto chove, e é como se a minha alma revitalizasse… ainda falta tanto tempo para o novo dia!

Domingo é dia de se fazer chá, de me deixar ficar pelo sofá e ser atingida com mil e um filmes, maus, arrastar-me pelas escadas, ler umas quantas matérias, desesperar porque são seis da tarde e ainda não aproveitei em nada este dia que me foi dado, com mil segundos e infinitas oportunidades… deixo-me cair na cama, vou só descansar os olhos… falar com a minha mente, navegar nos meus sonhos… ouvir uma música só minha, cantarolar num ritmo desconhecido, tão meu…

E como é domingo, o jantar confunde-se com o lanche, a ceia com o desespero e adormeço a pensar que amanhã já não vou acordar com um sorriso meio pateta no rosto, na alma, em mim, amanhã vou acordar atrasada, vestir-me atrasada, tomar o pequeno-almoço atrasada, olhar os minutos passar, correr para o carro, correr para a estação, correr para a faculdade… esperar que seja terça, quarta, quinta, sexta… esperar que o sábado passe, porque ainda me resta o domingo… e repetir uma, duas, vezes sem conta, por entre as semanas, os meses, os anos da minha vida…

Hoje é domingo, ainda não é meio-dia… ainda falta tanto para o amanhã…

Monday, November 20, 2006

uma gotinha no meio do infinito...

Não escrevo faz tempo… não interessa, não tem mal… Gosto quando as palavras saem por entre os dedos a um ritmo descompassado, fluido e o som do teclado se torna mais e mais acelerado e quando dou por mim revelei sentimentos, pequenos pormenores íntimos, partilhei momentos que pensava indescritíveis e ali fico, a contemplar o que escrevi em forma de uma imagem do que na realidade não se consegue ver. Hoje quando acordei, desejei não o ter feito… queria ter continuado naquele sono meio profundo, meio atribulado, meio despegado deste mundo e de certa forma desta vida. Acordei… levantei-me, vesti-me… e só tinha em pensamento o quanto queria ter permanecido a dormir… a muito custo tentava segurar o que me era tão familiar, tão comum, tão conhecido… tão meu… serrava os dentes, controlava ao máximo esta força que me impelia, ordenava… a chorar… Fui dentro de mim, viajei pela minha alma, falei com os meus pensamentos… ressuscitei com forças desconhecidas. Hoje não chorei… Faz-se tarde… vou dormir.

Wednesday, November 01, 2006

Emoções fortes

A viagem não se ficou pelas horas intermináveis de aeroportos, pela excessiva humidade, nem calor abrasador… mas a preguiça é inimiga da vontade… e confesso que nos toma de surpresa e vai ficando, persistindo e acaba por nos tomar conta de todos os momentos do dia.

Em Macau, 28º e 80% humidade… e tanto por viver… tanto estava ainda por desvendar, conversas por ter, olhares por trocar, tolices por dizer, gritos por se fazerem ouvir…

Quinze dias… GrandView Hotel, quarto 1424, Marisa Anselmo e Fernanda Borba:) Cátia, ao fin do corredor, Dr. Rafa e Sr. Fisio Gáspar um piso a baixo.

Depois de mil e um suspiros, de reclamar, de tanto refilar, de em vão ir passeando pelos canais da televisão macaense, num zapping a um ritmo desmarcadíssimo, descobri uma estaçãozinha que nem parecia tão má e que se lembrava muito esporadicamente de uma ou outra música ocidental… e fui dar por mim, uns quantos dias depois a cantarolar uma música pimba chinesa!!! Só desgraças.

Quinze dias em Macau e a insanidade mental reforça a sua presença a uma intensidade assustadora. Músicas chinesas, elevadores, autocarros, carros, comida, bugigangas, supermercados, chocolates, barcos, pontes, auto-estradas, chineses… tudo CHINÊS!

Uma inspiração profunda! Que se podia esperar… estou mesmo na China.

Perdida por este país, como tantos outros loucos, na expectativa, na mais pura surpresa do que encontrar num outro lado do mundo quase esquecido.

As competições, o entusiasmo, a força, as bancadas, vazias, mas ao rubro…;) os pequenos gritos…

O primeiro dia de competições foi sereno… tranquilamente os portugueses, como insistiam os jornalistas, numa luta titânica com o Brasil…

O mais importante, pelo menos para mim, era a segunda jornada, quinta-feira 12 Outubro. E enquanto passeávamos até à pista de aquecimento, deu-me uma vontade incontrolável de libertar todas as minhas energias… depois de uma semana atribulada, entre viagens e treinos, com os níveis de cafeína ligeiramente elevados, e poucas, boas horas de sono, em pleno dia e numa rua macaense… Gritei… gritava com a alma, foram pouco mais de 8 segundos, um grito que veio de dentro, um grito que furou o silêncio e se fez ouvir… e nesse momento pensei, senti, estava prontíssima para competir.

E assim fiquei, meio fungosa, muito babada descobrindo que a diversão pode estar associada ao içar da nossa bandeirinha, ao som da Portuguesa, numa viagem louca por Macau. E tudo porque um dia descobri que mesmo sem asas e com os pés a pouco mais de 1.80m do chão também se VOA!

E tenho-vos a dizer… como é bom voar, mesmo sendo baixinho, por pouquinho tempo, e tendo a perfeita noção que a levitação e o voo, per si, nos são humanamente impossíveis!

A mente vai passeando, voa, não existindo limites, nem mesmo o céu, e os instantes de insanidade e consciência, se já escasseavam, agora deixam que a alma nos abandone o corpo e enquanto ele tristemente se eleva a escassos centímetros, eu VOO, plano, sonho, encanto, sou um nada de magia, pura e ilimitadamente livre… simplesmente feliz. Como é bom voar.

Na china, em Portugal, sozinha, fechada no quarto, no meio do oceano, numa lagoa, no chuveiro… caminhando à deriva, aprisionada em mim, larguei tudo, abri asas, e tentei voar… e deu mais ou menos nisto…">