A viagem não se ficou pelas horas intermináveis de aeroportos, pela excessiva humidade, nem calor abrasador… mas a preguiça é inimiga da vontade… e confesso que nos toma de surpresa e vai ficando, persistindo e acaba por nos tomar conta de todos os momentos do dia.
Em Macau, 28º e 80% humidade… e tanto por viver… tanto estava ainda por desvendar, conversas por ter, olhares por trocar, tolices por dizer, gritos por se fazerem ouvir…
Quinze dias… GrandView Hotel, quarto 1424, Marisa Anselmo e Fernanda Borba:) Cátia, ao fin do corredor, Dr. Rafa e Sr. Fisio Gáspar um piso a baixo.
Depois de mil e um suspiros, de reclamar, de tanto refilar, de em vão ir passeando pelos canais da televisão macaense, num zapping a um ritmo desmarcadíssimo, descobri uma estaçãozinha que nem parecia tão má e que se lembrava muito esporadicamente de uma ou outra música ocidental… e fui dar por mim, uns quantos dias depois a cantarolar uma música pimba chinesa!!! Só desgraças.
Quinze dias em Macau e a insanidade mental reforça a sua presença a uma intensidade assustadora. Músicas chinesas, elevadores, autocarros, carros, comida, bugigangas, supermercados, chocolates, barcos, pontes, auto-estradas, chineses… tudo CHINÊS!
Uma inspiração profunda! Que se podia esperar… estou mesmo na China.
Perdida por este país, como tantos outros loucos, na expectativa, na mais pura surpresa do que encontrar num outro lado do mundo quase esquecido.
As competições, o entusiasmo, a força, as bancadas, vazias, mas ao rubro…;) os pequenos gritos…
O primeiro dia de competições foi sereno… tranquilamente os portugueses, como insistiam os jornalistas, numa luta titânica com o Brasil…
O mais importante, pelo menos para mim, era a segunda jornada, quinta-feira 12 Outubro. E enquanto passeávamos até à pista de aquecimento, deu-me uma vontade incontrolável de libertar todas as minhas energias… depois de uma semana atribulada, entre viagens e treinos, com os níveis de cafeína ligeiramente elevados, e poucas, boas horas de sono, em pleno dia e numa rua macaense… Gritei… gritava com a alma, foram pouco mais de 8 segundos, um grito que veio de dentro, um grito que furou o silêncio e se fez ouvir… e nesse momento pensei, senti, estava prontíssima para competir.
E assim fiquei, meio fungosa, muito babada descobrindo que a diversão pode estar associada ao içar da nossa bandeirinha, ao som da Portuguesa, numa viagem louca por Macau. E tudo porque um dia descobri que mesmo sem asas e com os pés a pouco mais de 1.80m do chão também se VOA!
E tenho-vos a dizer… como é bom voar, mesmo sendo baixinho, por pouquinho tempo, e tendo a perfeita noção que a levitação e o voo, per si, nos são humanamente impossíveis!
A mente vai passeando, voa, não existindo limites, nem mesmo o céu, e os instantes de insanidade e consciência, se já escasseavam, agora deixam que a alma nos abandone o corpo e enquanto ele tristemente se eleva a escassos centímetros, eu VOO, plano, sonho, encanto, sou um nada de magia, pura e ilimitadamente livre… simplesmente feliz. Como é bom voar.
Na china, em Portugal, sozinha, fechada no quarto, no meio do oceano, numa lagoa, no chuveiro… caminhando à deriva, aprisionada em mim, larguei tudo, abri asas, e tentei voar… e deu mais ou menos nisto…">
3 comments:
pouco ou nada há a acrescentar... =) fico feliz por te puder dizer que fui uma das pessoas q a milhares de km de distância gritou em silêncio parabéns... :)
voar, voar, voar, voar... Tanto que eu gosto de voar e de te ver a ti também a voar. cada vez mais alto espero, aliás, muito mais alto...
Ha momentos que tudo és tu e mais ninguem. Foste e tiveste ao alcance. Força
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